quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Apresentação do livro "Morte Assistida"


A Biblioteca Escolar Manuel Alegre apoiou, com uma minifeira do livro, apresentação do livro “Morte assistida: Temos o direito de escolher a forma como morremos?” de Lucília Galha, que decorreu no passado dia 8 no auditório da Escola E.B. 2.3 C/ Secundário José Falcão.  A atividade foi organizada pelo grupo disciplinar de filosofia e do Grupo Leya, e contou com o apoio do grupo disciplinar de biologia, tendo sido dirigida aos alunos do nível secundário.

Segundo a autora, jornalista da Revista Sábado, este livro surgiu no decurso de um trabalho que realizava sobre o tema em maio de 2010 e, tendo conhecido a história da “Maria”, a primeira portuguesa que recorreu à Suíça, à associação “Dignitas”, para conseguir pôr termo ao sofrimento de um cancro em estado terminal, de uma forma digna, como ela dizia para o seu médico, “se eu não ficar curada quero morrer e não desparecer aos bocados”, em Portugal não existe esta opção e qualquer ajuda ou incitamento ao suicídio é penalizado com pena de prisão até três anos.

A obra conta com o depoimento dos dois amigos de Maria, que a acompanharam em todo este processo e estiveram com ela até ao último momento em que ingeriu, por sua mão, como é de lei segundo a legislação suíça, o barbital de sódio, substância que lhe traria a morte, e ainda com outros testemunhos de doentes em fases terminais de várias doenças, sobretudo do foro oncológico.

O que estes pacientes pretendem é morrer tranquilamente, acompanhados pelos seus familiares e poderem escolher a forma como morrem. De acordo com as palavras da autora, um dos objetivos primordiais deste livro é suscitar a discussão em torno “deste último tabu da sociedade ocidental”. Atualmente, sessenta por cento das pessoas morrem sozinhos numa cama, de um qualquer hospital, e a morte tornou-se assim, para todos os que ficam, algo distante que não se vela nem se presencia, morre-se cada vez mais tarde, mas não necessariamente melhor porque a “obstinação terapêutica” prolonga por vezes a vida para além do que é razoável. Coloca-se ainda o problema da dor inerente a estas doenças a qual, segundo os especialistas, pode ser atenuada em 95% dos casos com a tecnologia médica, mas nos restantes 5% ainda não é possível, e não se fala apenas da dor física, mas da dor moral e existencial.

Desde agosto de 2012 que o “testamento vital” foi legalizado em Portugal e qualquer pessoa pode declarar que cuidados de saúde não pretende que lhe sejam ministrados em caso de doença grave ou acidente, como o suporte de funções vitais, e ainda nomear um procurador que a representará e terá conhecimento da sua vontade.

Nas palavras da autora, é premente suscitar o debate em torno da eutanásia e do suicídio assistido em Portugal, já que somos dos poucos países europeus onde não existe uma associação “right-to -die” e esta questão parece manifestamente proibida, com pessoas a recearem assumir a sua posição, o que tornou, aliás, a realização desta obra bastante difícil, porque muito poucos ousam dar a cara por esta causa, salvaguardando a coragem e perseverança da Doutora Laura Ferreira dos Santos que tem sido das suas únicas defensoras.

Para que não tenhamos de ir morrer longe do país onde nascemos e de todos aqueles que amamos, e possamos fazê-lo com dignidade e liberdade de opção urge  quebrar o último tabu.

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