Manuel António Pina, com a obra
dramática Os Piratas, desafia ao jogo
e permite aos alunos e alunas entrar na narrativa como se de uma aventura se
tratasse. Uma aventura lúdica, uma viagem que as bibliotecas escolares
organizaram, para as turmas do 6º ano, contribuindo desta forma para dar
cumprimento ao proposto nas metas curriculares - educação literária.
Percorrer a trama/teia dramática a
partir de um guião estimulante, um mapa de caminhos, que remete para a leitura,
análise e compreensão desta viagem ao mundo fantástico de uma história misteriosa
que se desvenda vagarosamente até chegar ao tesouro. O tesouro, chegando ao
final com a possibilidade de aceitar que há mundos para além do que os sentidos
nos mostram, há mundos fantásticos, mágicos, há mundos entre a ficção e a
realidade a que devemos prestar atenção. É precisamente nesta focalização
onírica que o autor nos desperta e divide entre o mundo da infância e da vida
adulta, para pensarmos a nossa identidade, a nossa ilha, o que a rodeia, o que
a aproxima, o que a afasta entre nós e os outros, os contactos, as pontes que
estabelecemos, a comunicação que nos engrandece. São estes laços
comunicacionais que fazem de nós piratas, que nos levam a apropriarmo-nos do
ideário coletivo para (re)inventar os nossos quotidianos, para vivermos felizes
entre os inevitáveis dois mundos que habitam e continuar a sonhar…
Para além desta “leitura”, sublinhamos
também o facto de esta narrativa relembrar o contexto histórico-literário
português, os descobrimentos, as aventuras marítimas, a pirataria, os
naufrágios que o nosso mar inspira, cruzando outras leituras, outros autores,
outras épocas. É, de facto, uma obra que cativa e merece uma leitura dinâmica e
participada, porque: “Há pessoas que não
acreditam em ilhas. Acham que as ilhas são coisas inventadas, em que só se
acredita quando se é criança. Por isso, chega um dia em que julgam que já não
são crianças e deixam de acreditar em ilhas. Outras pessoas pensam que uma ilha é uma terra rodeada de mar e de
névoa por todos os lados. Todavia, no meio da névoa, dentro da ilha, está-se em
muitas mais coisas que numa terra, pode até estar-se num sítio desconhecido
dentro de nós. Chamo-me Manuel e vivo numa ilha, ou uma ilha vive em mim, não
tenho a certeza, uma ilha rodeada de mar e de névoa por todos os lados,
principalmente pelo lado de dentro.”
Da avaliação realizada, alunos, alunas e
docentes destacam o aspeto lúdico e motivador associado à atividade, o trabalho
em equipa, a possibilidade da leitura da obra integral e a atenção dada à
leitura para se poder responder às questões colocadas, o procurar os livros e o
procurar dentro do livro e viajar na história, um melhor conhecimento da
biblioteca (zonas funcionais, classes da CDU e dos livros aí existentes) e a
reflexão sobre a obra feita na parte final.
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